O mecanismo, embora legalizado, tem sido usado como moeda de
troca eleitoral. Deputados que recebem os repasses fortalecem suas bases
municipais com dinheiro fácil, transformando prefeitos em aliados políticos
obrigatórios. Em vez de projetos estruturantes, o dinheiro é pulverizado em
ações pontuais que garantem visibilidade ao parlamentar, como reformas de
praças, compra de ambulâncias e pequenas obras que rendem fotos e votos. O
presidente da Câmara, Hugo Mota (Republicanos-PB), é apontado como o principal
articulador da distribuição, operando uma espécie de balcão de favores com
recursos públicos.
Mário Júnior, que preside a Comissão de Finanças e
Tributação da Câmara, tem se posicionado contra decisões do Supremo Tribunal
Federal que tentam frear esse tipo de emenda. Em agosto, criticou a suspensão
determinada pelo ministro Flávio Dino, alegando que o Parlamento deveria “dar
uma resposta à altura”. A fala, longe de ser isolada, revela o incômodo de quem
vê ameaçada uma das principais ferramentas de manutenção de poder político. A
defesa das Emendas Pix por parte de seus beneficiários escancara o quanto o
sistema está contaminado por interesses eleitorais disfarçados de gestão
pública.
Enquanto isso, municípios que não têm padrinhos em Brasília
seguem sem acesso aos mesmos recursos, aprofundando desigualdades regionais e
criando uma nova elite de prefeitos dependentes. A falta de critérios técnicos
e a ausência de transparência tornam as Emendas Pix um dos maiores escândalos
silenciosos da política brasileira atual. O caso de Mário Júnior é apenas mais
um exemplo de como o dinheiro público virou instrumento de campanha antecipada,
com o aval da presidência da Câmara e o silêncio cúmplice de boa parte do
Congresso.
Abaixo a lista de prefeituras beneficiadas e valores
liberados e empenhados.


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