Congresso quer passar borracha no golpe de 8 de Janeiro praticando outro golpe

Brasília voltou a ser palco de um espetáculo que ameaça a memória e a justiça no Brasil. A proposta de anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, que depredaram as sedes dos Três Poderes, avança no Congresso sob o pretexto de “pacificação nacional”. Mas, para muitos juristas, parlamentares e movimentos sociais, o que está em curso é uma tentativa descarada de apagar crimes contra a democracia.

O texto, articulado por setores da direita e extrema-direita, abre caminho para que centenas de investigados e condenados sejam perdoados, incluindo financiadores e articuladores dos ataques. A narrativa oficial fala em “reconciliação”, mas nos bastidores o que se vê é a velha política de autoproteção, livrar aliados e preservar redes de apoio que continuam ativas.

Mais do que um projeto de lei, críticos apontam que se trata de um golpe parlamentar, a continuidade de um movimento golpista que não terminou com a invasão de 8 de janeiro. É a tentativa de reescrever a história, transformando criminosos em “manifestantes” e apagando a gravidade de um ataque frontal ao Estado Democrático de Direito.

A proposta, se aprovada, enviará ao país um recado perigoso, o de que atentar contra a democracia pode não ter consequências. Para o Brasil, que ainda cicatriza as feridas daquele dia, a anistia não é um gesto de paz, mas um convite à reincidência.

Enquanto isso, organizações da sociedade civil e parlamentares comprometidos com a Constituição prometem resistir. “Não se constrói democracia com esquecimento, mas com justiça”, disse um deputado da base governista, ecoando o sentimento de quem vê na anistia um retrocesso histórico.

O futuro dessa proposta dirá muito sobre o tipo de país que o Brasil quer ser, um que protege sua democracia ou um que a entrega, de bandeja, aos que tentaram destruí-la.

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