Lula corta o imposto dos pobres e deixa os ricos de orelha em pé

O pacote social que desembarcou no Congresso nesta semana não é apenas um anúncio de consumo imediato, virou motor de uma engenharia tributária que promete redesenhar o mapa de quem paga o que no Brasil. Com o presidente Lula no centro da operação, aliados comemoram um avanço que mistura cálculos sociais com cálculo políticom e que, segundo ministros e parlamentares do PT, pode transformar a austeridade em agenda de inclusão.

A proposta que ganhou tração nos últimos dois dias prevê uma série de ajustes fiscais para acomodar o novo piso de transferência de renda anunciado pelo Planalto. Em linhas gerais, o governo quer preservar os ganhos das camadas mais vulneráveis por meio de isenções e créditos direcionados, compensando a perda de arrecadação com medidas que incidem sobre rendas e lucros mais altos, além de endurecer a cobrança sobre grandes conglomerados que exploram brechas tributárias.

Na prática, o movimento tem dois vetores, primeiro, blindar as políticas sociais já em curso para dar resposta rápida às expectativas geradas pelo anúncio presidencial, segundo, construir uma narrativa fiscal que coloque o ônus do ajuste sobre quem, na avaliação do governo, tem mais capacidade contributiva. Para o núcleo do PT, trata-se de resgatar a ideia de justiça tributária, uma bandeira histórica do partido, agora com apelo imediato à vida das pessoas.

A articulação, conduzida por ministros da Fazenda e da Casa Civil, envolve negociações intensas com líderes de bancada e com o relator na Comissão de Constituição e Justiça. Estrategistas petistas destacam que a mudança não será apenas técnica, ela busca mobilizar a opinião pública ao transformar a visão sobre impostos, mostrando que é possível aumentar proteção social sem penalizar as camadas populares.

Críticos, sobretudo nas bancadas empresariais, já alertam para o risco de aumento da carga e para possíveis efeitos sobre investimentos. A resposta do governo tem sido de contenção, a equipe econômica defende que as medidas são calibradas para evitar distorções e que o foco será sobre lucros extraordinários, evasão fiscal e incentivos regressivos que beneficiam poucos. Em bastidores, parlamentares do PT apostam que a combinação de benefício social visível e discurso moral sobre justiça tributária ajudará a ampliar apoio legislativo.

Além do desenho tributário, a pauta trouxe outro elemento, a expectativa de que o Legislativo aprove medidas de combate a práticas fiscais opacas. Propostas para reforçar fiscalização, modernizar cruzamentos de dados e endurecer penas por fraude fiscal aparecem como contrapartida política para garantir que a arrecadação adicional venha de onde o governo diz querer buscar.

O processo, segundo interlocutores próximos ao Planalto, será gradual e sujeito a negociação. A estratégia é apresentar mudanças estruturadas, mas com leitoras e leitores visíveis para a população agora, de modo a consolidar o eleitorado que vê no pacote social uma mudança de rumos. Em resumo, a aposta é transformar uma iniciativa social em case fiscal, com Lula à frente como condutor de uma virada que mistura pragmatismo e justiça.

Se a manobra der certo, o governo conseguirá trazer alívio imediato para famílias e, ao mesmo tempo, plantar as bases para um sistema tributário mais progressivo. Se houver resistências fortes, a batalha no Congresso promete ser dura — e o debate, inflamado. Por ora, na visão do Palácio, trata-se de política com propósito, reduzir desigualdades sem abrir mão da responsabilidade fiscal.

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