Otto e Coronel aprontam pista e Jerônimo acelera e muda o jogo

No tabuleiro político da Bahia, as peças do PSD mexem-se com cuidado de quem aposta em sobrevivência e vantagem. Nos últimos dias, o que parecia mera costura interna transformou-se numa coreografia que reposiciona lideranças e abre espaço para o governador Jerônimo Rodrigues imprimir ritmo próprio à corrida eleitoral estadual. Longe das luzes dos palanques, o movimento articula poder local, controle de candidaturas e um recálculo de prioridades que pode beneficiar o campo progressista.

Otto Alencar e o grupo que orbita Coronel têm conduzido conversas discretas com prefeitos e deputados, testando lealdades e avaliando números. O objetivo é pragmático, consolidar uma frente que garanta influência do PSD em municípios estratégicos sem, contudo, romper a base que sustenta políticas públicas em curso. Esse abrir e fechar de portas desperta apreensão em microsferas partidárias, mas também oferece ao governador Jerônimo uma janela para negociar projetos concretos e acelerar entregas que falam diretamente ao eleitor, obras, saúde e programas sociais.

Jerônimo tem jogado com dois trunfos, presença executiva e narrativa de governança. Enquanto as articulações partidárias se desenrolam, o governador intensifica agendas locais, inaugurando obras e anunciando iniciativas que conectam investimentos estaduais às demandas municipais. A estratégia é clara, transformar hesitação política em resultado palpável para a população, deixando menos espaço para trocas meramente eleitorais. Para o PT, a tática funciona como consolidante de imagem, não apenas como retórica partidária, mas como prova de capacidade de gestão.

Fontes próximas ao Palácio afirmam que há abertura para acordos que priorizem a manutenção de programas sociais e a expansão de políticas de inclusão, desde que as negociações não comprometam o calendário administrativo. No centro dessa equação está a mensagem que o governo quer cristalizar, alianças são legítimas, mas o critério principal será o compromisso com entregas para a Bahia.

A movimentação do PSD pode, paradoxalmente, enfraquecer os extremos e fortalecer o jogo de governança. Se Otto e Coronel optarem por costuras que valorizem resultados locais, o resultado será um ambiente político menos volátil e mais orientado a execução. Se prevalecer a disputa por espaços e cargos, a janela para Jerônimo se fechará, forçando o Planalto estadual a escolher entre confronto público e acomodação.

No curto prazo, a Bahia assiste a uma dança política onde cada passo serve para medir força, e onde Jerônimo demonstra, com pragmatismo e ritmo, que quem governa também faz política. O desafio agora é transformar esse compasso em projetos que cheguem rápido às cidades e convertam as negociações de bastidor em votos de confiança nas urnas.

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