Do outro lado, vozes que compõem União Brasil, PL e aliados
pressionaram pelo adiamento ou pelo arquivamento, privilegiando interesses do
mercado. Destacou‑se o voto do deputado Kim Kataguiri (União Brasil‑SP) em favor de retirar a MP da
pauta, gesto que simbolizou a estratégia da
oposição para impedir que a casa discutisse e
decidisse sobre medidas que, mesmo com ajustes, apontavam para maior arrecadação sobre segmentos de alta renda e sobre operadoras de
apostas. Votaram contra também
parlamentares com forte ligação ao setor financeiro e ao agronegócio, que
alegaram necessidade de estudo mais aprofundado, mas na prática seguraram uma
fonte prevista de bilhões para o Tesouro.
O recado político foi duro, pois não se tratou de derrota
pessoal ao presidente Lula, mas de um retrocesso nas condições materiais de
políticas públicas. Integrantes do governo e economistas próximos ao PT já
calculam o rombo orçamentário decorrente da perda da medida e cobram alternativas
que não passem por cortes nos programas sociais. No Planalto, a leitura é que a
disputa foi antecipada para a arena eleitoral, com blocos de oposição
preferindo política curta a compromisso com o interesse público.
Para o PT, a operação de ontem reforça uma narrativa central
para 2026. Enquanto o governo busca combinar tributação justa e proteção
social, setores conservadores seguem alinhados a privilégios que corroem o
caixa público. O partido promete transformar a derrota legislativa em
mobilização política e administrativa, pressionando por novas proposições que
fechem a lacuna orçamentária sem sacrificar os mais vulneráveis.
A conta é simples e visceral, enquanto o Congresso protege bets e resguarda ganhos do mercado, quem paga a fatura é o cidadão que depende do SUS, das escolas públicas e dos programas de transferência de renda. A disputa agora muda de tom, dos bastidores para as ruas, e o PT assume o desafio de convencer a sociedade de que a alternativa a ontem não é tecnicismo, mas escolha política que define quem serão os verdadeiros beneficiários do Estado.
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