Deputados da direita protegem Bets e pisam no bolso do povo

A votação de ontem, 8 de outubro, no Congresso Nacional não foi apenas um revés parlamentar ela foi, nas palavras do próprio presidente Lula, um voto contra o povo brasileiro. Ao optar por adiar e, na prática, derrubar à medida que ampliaria a tributação sobre operações financeiras e cobraria recursos retroativos de casas de apostas, uma maioria da direita legislativa preferiu proteger o sistema financeiro e as bets em vez de preservar receita para serviços públicos e programas sociais.

A bancada do Partido dos Trabalhadores foi franca, votou majoritariamente a favor da proposta que remetia receitas estimadas ao Orçamento e buscava aliviar a pressão sobre políticas sociais. Líderes petistas como o relator na comissão mista, deputado Carlos Zarattini (PTSP), e parlamentares que coordenaram a articulação, entre eles Lindbergh Farias (PTRJ) e Randolfe Rodrigues (PTAP), defenderam a aprovação como ato de responsabilidade fiscal alinhado à justiça social. Segundo esses deputados, a rejeição representa perda direta de recursos que poderiam financiar saúde, educação e auxílio a quem mais precisa.

Do outro lado, vozes que compõem União Brasil, PL e aliados pressionaram pelo adiamento ou pelo arquivamento, privilegiando interesses do mercado. Destacouse o voto do deputado Kim Kataguiri (União BrasilSP) em favor de retirar a MP da pauta, gesto que simbolizou a estratégia da oposição para impedir que a casa discutisse e decidisse sobre medidas que, mesmo com ajustes, apontavam para maior arrecadação sobre segmentos de alta renda e sobre operadoras de apostas. Votaram contra também parlamentares com forte ligação ao setor financeiro e ao agronegócio, que alegaram necessidade de estudo mais aprofundado, mas na prática seguraram uma fonte prevista de bilhões para o Tesouro.

O recado político foi duro, pois não se tratou de derrota pessoal ao presidente Lula, mas de um retrocesso nas condições materiais de políticas públicas. Integrantes do governo e economistas próximos ao PT já calculam o rombo orçamentário decorrente da perda da medida e cobram alternativas que não passem por cortes nos programas sociais. No Planalto, a leitura é que a disputa foi antecipada para a arena eleitoral, com blocos de oposição preferindo política curta a compromisso com o interesse público.

Para o PT, a operação de ontem reforça uma narrativa central para 2026. Enquanto o governo busca combinar tributação justa e proteção social, setores conservadores seguem alinhados a privilégios que corroem o caixa público. O partido promete transformar a derrota legislativa em mobilização política e administrativa, pressionando por novas proposições que fechem a lacuna orçamentária sem sacrificar os mais vulneráveis.

A conta é simples e visceral, enquanto o Congresso protege bets e resguarda ganhos do mercado, quem paga a fatura é o cidadão que depende do SUS, das escolas públicas e dos programas de transferência de renda. A disputa agora muda de tom, dos bastidores para as ruas, e o PT assume o desafio de convencer a sociedade de que a alternativa a ontem não é tecnicismo, mas escolha política que define quem serão os verdadeiros beneficiários do Estado.

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