DAQUILO QUE EU FIZ. (a festa da primeira eleição de Lula presidente)

Duas semanas antes de 27 de outubro de 2002, data em que se realizaria o segundo turno das eleições entre Lula, candidato do Partido dos Trabalhadores e José Serra, candidato do PSDB, eu batia de porta em porta, buscando encontrar apoio para uma idéia que tive naqueles dias. O clima na cidade de Paulo Afonso na Bahia era o mesmo que se percebia em todo o país. Naquele dia, seria eleito o primeiro presidente da republica vindo da classe operaria e com penetração em toda a sociedade. Aonde eu chegava e pedia ajuda para realizar a festa da Eleição era desestimulado. Ora por acharem uma idéia maluca, ora por que as pessoas não queriam botar o dinheiro na proposta.
Tudo começou quando em conversa com os vizinhos da rua onde moro, eles me perguntavam se eu iria continuar juntando gente na esquina no dia da eleição. Toda eleição meus irmãos, irmãs, filhos e amigos passam o dia pedindo votos para os candidatos que apoiamos. Isto já virou uma marca. Em uma dessas conversas eu disse, “eu vou colocar uma banda aqui na esquina para comemorar a eleição do Lula”. O que parecia uma frase dita ao sabor das conversas virou obrigação. Todos os dias eu era cobrado por alguém se a festa aconteceria mesmo. E eu para não me desmentir afirmava que sim. Mas o negocio ficou tão grande que optei por levar a festa para o centro da cidade.
Como não obtive apoio das pessoas que eu achava que iriam gostar da idéia, parti sozinho para colocar o plano em ação. Eu procurei o meu amigo e músico Fábio Jean, excelente tecladista, e falei que gostaria que ele formasse uma banda para uma apresentação e mais, disse que não tinha dinheiro para esta farra. Contei a ele do que se tratava e Fábio abraçou logo a idéia. Foi ele quem juntou os outros músicos. Eu sabia que uma única banda não daria certo. Seria necessário que outros artista pudessem participar. E foi ai que sai convidando bandas e músicos para a empreitada. Registro aqui que uma única banda da cidade se recusou. Todos os outros adoraram a idéia. Mas um impasse aconteceu! Como se chamaria a banda que receberia os convidados. Coloquei “Amigos do Presidente Lula”. E assim foi formada a banda que tocou e abrilhanto aquela festa e se desfez ao fim dos shows.
Eu tinha marcado com Regi Som que ele colocaria a aparelhagem às quinze horas. Eu cheguei as quatorze, meia hora depois lá estava ele. Quando estava sendo montado apareceu um carro da policia militar que parou no meio da avenida. Fiquei de longe esperando o problema. Naquele instante muitos dos meus amigos e alguns dos que não acreditaram que eu faria aquilo, começaram a aparecer. A festa estava só começando. Alguém me disse que a policia iria barrar a montagem. Os que estavam ao meu lado. Todos já contagiados. Diziam; “ninguém vai barrar isso. Esperamos muito por essa hora. E hoje o dia é nosso”. Acho que os policiais entenderam a situação. Foram embora.
Na hora da festa os dois caminhões que conseguimos para que a banda se apresentasse não cabiam de tanta gente querendo aparecer, muitos dos que eu procurei e viraram as costas estavam lá. Todos puderam falar. E ainda hoje sinto orgulho de ter feito aquela festa.
Quero agradecer de público aos amigos, artistas, donos de bandas e a todos que de alguma forma deram sua contribuição para que o povo pudesse lotar a praça e gritar, LULA PRESIDENTE.

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