Transformaram o país em um puteiro.

Duas imagens são marcantes e vão permanecer no imaginário popular por um longo tempo. A primeira é a de Lula sendo carregado nos braços do povo. Ela foi feita pelo jovem Francisco Proner Ramos. A outra, não se sabe o autor ainda, foi feita em um puteiro de São Paulo de propriedade do cafetão Oscar Maroni, dono da boate Bahamas. Mostra a fachada do prédio onde foram colocadas duas fotos para homenagear o juiz Sérgio Moro e a ministra Carmem Lúcia do supremo tribunal federal.

Mas como chegamos a isso?

Não faz mal lembrar que tudo isso começou logo após a vitória de Dilma Roussef para a Presidência da República em seu segundo mandato. O tucano Aécio Neves, então candidato derrotado nas urnas, declarou que não daria trégua e que faria de tudo para inviabilizar a administração da Petista, e ele cumpriu a promessa.

O congresso brasileiro, liderado na câmara por Eduardo Cunha e no Senado por Aécio, barraram todos os projetos que vinham do executivo e aprovavam projetos que inviabilizariam, de fato, o governo federal. De tão ruins, ficaram conhecidas como “pautas bombas”.

No jogo, arrumaram uma denúncia de “pedaladas fiscais”, termo usado em referência às operações orçamentárias realizadas pelo Tesouro Nacional, não previstas na legislação, para atrasar o repasse de verba a bancos públicos e privados com a intenção de aliviar a situação fiscal do governo em um determinado mês ou ano, apresentando melhores indicadores econômicos ao mercado financeiro e aos especialistas em contas públicas. Conseguiram apoio do TCU que deu parecer indicando “crime”. Foi assim que começou a retirada de Dilma Roussef da presidência.

Neste jogo, falam-se que bilhões teriam sido gastos para a compra de deputados e senadores, mas nada ainda foi provado. Nenhum dos possíveis comprados abriu a boca até agora. Mas houve a conversa do Senador Romero Jucá, do PMDB, que foi gravado por interlocutor e no áudio apareceu a frase, “com supremo, com tudo” dita por ele. Indicando que ministros do supremo tribunal federal brasileiro estariam envolvidos no Golpe do afastamento de Dilma.

Enquanto na política sobrava traidores e vendidos, na justiça se armavam denúncias contra Lula. A mais famosa, e diga-se, sem provas até o momento, foi a do apartamento triplex que fica no Guarujá, em São Paulo. Sérgio Moro arrumou delatores para afirmar que seria de propriedade do ex-presidente. Publicamente se viu presos darem uma versão onde não constava o nome do acusado e a versão não ser aceita e depois retornarem e, visivelmente mentindo, mudarem a versão, agora colocando Luiz Inácio como proprietário.

Mas nenhuma dessas arbitrariedades que foram denunciadas surtiram efeito. Os garotos da lava jato caminhavam, com a cumplicidade da grande imprensa, cometendo seus delitos.

Por falar em delito, eis que apareceu o advogado da Odebrecht Tacla Duram. Ele denunciou o amigo de Sérgio Moro, também advogado, Carlos Zucolotto, de vender sentença dentro da operação em Curitiba. Silêncio total na grande mídia. Ninguém foi ouvido. Nem o próprio denunciante, que quer dar sua versão, o juiz do caso quer ouvir.

Enquanto essas coisas aconteciam, Lula viajou pelo país em suas famosas Caravanas. Encontrou o povo e ouviu deles o pedido de que continuasse a luta para retornar à presidência da república. Na estrada, no Sul do Brasil, apareceram as milícias armadas. Foi quando se percebeu que havia algo de errado e grave acontecendo. O fascismo estava de portas abertas, e ele, através de um de seus asseclas, atentou contra a vida do ex-presidente e de quem o estava acompanhando. E o que aconteceu com a notícia? A não notícia! De atentado, tentaram induzir o povo a acreditar que teria sido uma farsa. Na semana passada saiu o laudo da polícia do Pará. Foi mesmo uma tentativa de assassinato praticado por alguém ainda não identificado.

O desejo incontido dos meninos da lava jato era o de prender Lula. Eles queriam ver a foto em todos os jornais e viralizando pelo mundo. Moro decretou a prisão. Lula recorreu através de seus advogados ao supremo tribunal federal com um pedido de habeas corpus. Perdeu! Foram 06 votos contra e 05 favoráveis. Agora já se sabe, um dos votos, o da ministra Rosa Weber não poderia ter sido dado, ela estava impedida de fazê-lo por estar analisando uma ação relacionado ao caso. Ela já havia se pronunciado sobre o tema anteriormente, justamente nas ADCs - Ações Declaratórias de Constitucionalidade. Este fato daria empate na votação e favoreceria o réu.

O jogo segue.

Negado o pedido de habeas corpus contra prisão, os juízes do tribunal regional federal da 4ª região pedem a Sérgio Moro que decrete a prisão de Lula. O pedido demorou exatamente 22 minutos para ser atendido.  Criou-se o impasse, o nordestino que mudou a vida de milhões de brasileiros se entregaria?

Lula fez do momento desfavorável a melhor das suas performances. Ele foi ao Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo dos Campos, onde sua vida política nasceu e de lá comandou a resistência. Não atendeu a intimação e mesmo assim, não descumpriu a lei. A justiça sabia onde ele estava, se o quisesse prender, que fosse lá buscar. Não foram!
Ontem, 07, após a realização de uma missa em homenagem a sua ex-esposa Marisa Letícia, Lula saí do carro de som carregado pelo povo. Eis que, em um momento iluminado é fotografado do alto do prédio do sindicato. A foto viralizou e o mundo viu o quanto Lula é amado pelos seus. A prisão, ao se entregar por vontade própria, ficou em segundo plano.
Enquanto isso, Oscar Marone, o dono do puteiro, homenageava Sérgio Moro e Carmem Lucia. Suas fotos, na entrada da boate de prostituição para ricos de bem, é o que fica da justiça brasileira neste momento de enfrentamento social.

Como disse, o também pernambucano, Alceu Valença em sua canção Papagaio do Futuro, “Quem tem o mel dá o mel. Quem tem o fel dá o fel. E quem nada tem, nada dá”.

Lula se entregou no início da noite, mas já tinha feito o que de melhor sabe fazer, trouxe para ele todas as atenções e a narrativa favorável. É hoje um preso político dentro de seu próprio país e o mundo viu e ouviu as suas denúncias contra parte da justiça e do ministério público, a grande mídia e a polícia federal.

Um comentário:

Ady Moura disse...

Nas noites de frio é melhor não nascer.
Nas de calor se escolhe: É matar ou morrer. E assim nos tornamos brasileiros.
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformaram o país num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro.
Cazuza