O sono do inocente


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Já era tarde da noite quando ele resolveu deitar. Seu corpo cansado de um dia de trabalho estafante. Passou nove horas na pedreira produzindo britas com a marreta em sua mão. Calejadas e feridas. Ele tinha o olho esquerdo com a visão quase que perdida. Um dia uma lasca de pedra atingiu seu olho e o deixou quase cego.

Ele deitou em sua cama com seu colchão de palha. Já tentou comprar outro, mas nunca conseguiu juntar o dinheiro necessário. Olhou de lado, como se buscasse alguém. Sua esposa o abandonou. Não aguentou a vida sofrida que levava. Puxou o lençol feito de retalhos de tecidos que dava um colorido naquele mundo cinza. Percebeu novamente que estava só e deitou a sua cabeça no travesseiro. Um conforto nas noites de sono profundo.

Apagou a luz. Mesmo deitado, rezou pedindo a Deus pedindo dias melhores. Fez o sinal da cruz e entes de adormecer, ficou durante algum tempo olhando para o teto do quarto. Olhava uma fresta de luz que penetrava por entre as telhas. Vinha do poste que fica em frente à sua casa. Adormeceu!

Carta Aberta de Dirigentes do Ministério da Saúde à População Brasileira.

Nós, diversos dirigentes em vários níveis e secretarias do Ministério da Saúde, participantes do Movimento Sanitário Brasileiro, de Coletivos Saúde e Democracia, defensores do SUS e identificados com os valores e lutas da esquerda, declaramos que não reconhecemos legitimidade e nem legalidade no governo temporário e golpista.
Não reconhecemos legitimidade porque seus representantes, ideias e propostas não derivam do voto popular, não foram eleitos nas urnas. Antes o contrário, as políticas que querem implantar, que respondem a interesses privados e particulares dos grupos integrantes do “Consórcio Golpista”, foram rejeitadas nas eleições diretas e democráticas de 2002 e vêm sistematicamente sendo derrotadas nas urnas como aconteceu em 2006, 2010 e há menos de 2 anos em 2014.
Não reconhecemos legitimidade e nem legalidade porque o modo que tentam impor à população um projeto que ela não quer e rejeita no voto é por meio de um impeachment ilegal, um golpe, que cassa o voto popular e tem como principal objetivo colocar nas costas da imensa maioria do povo, principalmente a parcela mais pobre, a conta da crise econômica pela qual passa o mundo e o Brasil, garantindo a salvaguarda dos interesses, renda e riqueza da parcela mais rica da população, sócia do golpe.
Um consórcio golpista, economicamente neoliberal, politicamente autoritário, patrimonialista e clientelista, ideologicamente conservador e intolerante e que, embora assuma hipocritamente o discurso de combate a corrupção, é constituído por pessoas e grupos que há mais de 30 anos chantageiam os governos da vez, praticam e se sustentam da corrupção e têm ocupado o Estado desde então para satisfazer os interesses privados que representam.
Não aceitamos em nenhuma hipótese participar de um governo ilegítimo, ilegal e com um projeto antipopular, neoliberal, excludente e da direita mais atrasada e conservadora.
Nos últimos anos enfrentamos muitos desafios, avançamos muito em diversas dimensões e também, é claro, deixamos de avançar em outras: muito há ainda para ser feito. Participamos da construção de diversas políticas que consideramos conquistas do SUS e da sociedade e que, por elevarem o patamar de atenção à saúde e qualidade de vida da população, por investir e valorizar os trabalhadores de saúde e por promover e fortalecer a participação popular, deverão ser defendidas a todo custo (veja esta parte ao fim do texto)*.
Entendemos que neste momento histórico - como o foi nos anos 70 na luta do movimento sanitário contra a ditadura, pela democratização e pelo direito à saúde que resultou na proposição e criação do SUS - a luta pela saúde deve também ser a luta por democracia que se traduz em: reestabelecimento do Estado Democrático de Direito; devolução da soberania ao voto popular; e intensificação da democracia, tanto do ponto de vista da participação e controle popular sobre os eleitos e suas ações, quanto de extensão e aprofundamento da democracia às dimensões econômicas, sociais, cognitivas e culturais, para além, apenas, da política formal.
Assim como nos anos 70 quando a luta de muitos construiu o SUS, temos a responsabilidade de agora continuarmos em luta para consolidarmos as conquistas de nosso povo com o SUS num momento em que o governo golpista já anuncia que usará o argumento da crise para retirar direitos, segmentar o acesso ao SUS, desmontar programas, privatizar serviços, desvincular receitas e reduzir o financiamento, rompendo até os princípios da universalidade e gratuidade. Em tempos de crise a direção correta deve ser a de aumentar a proteção ao cidadão, que estará mais vulnerável. Dotar o Estado com capacidade de ser mais equânime e justo, não retrocedendo ou desprotegendo a população mais vulnerável. Os movimentos, organizações e cidadãos não podem aceitar retrocessos: nenhum passo atrás! Toda resistência sem trégua a cada serviço, programa, política e direito que se queira subtrair do povo.
Por tudo isso, para nós, é impossível seguir no Ministério da Saúde. Mergulharemos na luta pela democracia; contra retrocessos nas conquistas sociais e nas políticas públicas; e pelo avanço do SUS como sistema gratuito, universal, equânime e integral, direito do povo brasileiro. Estas bandeiras nos animam e terão que ser construídas em todos os espaços potenciais de resistência e oposição ao pretendido projeto neoliberal e de desmonte do SUS: nas lutas dos movimentos sociais, nas diversas organizações populares, nas Universidades, nos partidos e gestões progressistas. Sempre na busca por uma sociedade mais justa e pelo Estado necessário à redução das profundas desigualdades do nosso país.
Em respeito ao nosso compromisso histórico e inquebrantável com o SUS, com o Estado brasileiro e principalmente, com o povo de nosso país, garantimos todos os recursos, informações e condições para a continuidade dos Programas que são executados.
Além disso, reforçamos a importância do compromisso dos trabalhadores do Ministério da Saúde com o SUS e com o povo, estes que sempre nos orgulharam na defesa do Direito à Saúde. Continuarão a lutar pelo avanço do SUS e seguirão legitimados pela população brasileira que usa e defende a saúde pública, gratuita e de qualidade.
Temos orgulho de termos participado do Governo da Presidenta Dilma.
Temos orgulho e convicção de nos posicionarmos ao lado do povo, da soberania do voto popular, do SUS, contra a corrupção e o consórcio de corruptos e corruptores, pela Democracia, pelas conquistas sociais e sempre em luta por uma sociedade mais justa, democrática, que respeite as diferenças e as transforme em potência, generosa, fecunda e mais feliz, sempre comprometida com o desenvolvimento de nossa gente.
Temos orgulho, convicção e prazer de, nestes termos, lutarmos por Saúde e Democracia, adiante e sempre!

*Parte que cita os avanços que devem ser defenidos:
- o fortalecimento da Atenção Básica com o maior aumento do financiamento de sua história, a qualificação quase universal da infraestrutura com mais de 26 mil obras em UBS e os programas e ações que promoveram um salto em sua qualidade como o PMAQ, o Telessaúde, eSUS e implantação do Cartão SUS;
- o avanço na cobertura e qualidade da Estratégia de Saúde da Família, com novos tipos de equipes multiprofissionais e inédita ampliação das mesmas e com o
Programa Mais Médicos, que no presente tem levado saúde com qualidade e dignidade a mais de 65 milhões de pessoas, em mais de 4 mil municípios, comunidades assentadas, acampadas, quilombolas e ribeirinhas e todos distritos indígenas, e que deu saltos importantes rumo à suficiência, democratização e qualidade da formação dos médicos, voltada para as reais necessidades de saúde da população brasileira, com destaque para o estabelecimento da Medicina de Família e Comunidade como especialidade base e essencial para o país;
- a sequência de avanços no “Brasil Sorridente” garantindo da atenção básica à especializada na saúde bucal, passando pelas unidades móveis em acampamentos, assentamentos e comunidades quilombolas;
- o fortalecimento da promoção da saúde, o enfrentamento das doenças crônico-degenerativas e da obesidade, a criação do Programa “Academia da Saúde”, a implantação de políticas de regulação sobre elementos nocivos à saúde produzidos pela indústria de alimentos e do tabaco, e também o lançamento de uma nova Política de Alimentação e Nutrição para o SUS;
- a ampliação do acesso oportuno a uma assistência farmacêutica de qualidade com expansão e diversificação da farmácia básica e implantação do “Saúde não tem preço”, garantindo medicamentos gratuitos aos cidadãos, além da ampliação da Rede “Aqui tem Farmácia Popular”;
- a afirmação e avanço de uma politica de saúde mental na qual se cuida em liberdade e respeitando os direitos humanos, que passa pelo “Caminhos do Cuidado” e Consultórios na Rua até a grande expansão dos CAPS 24 horas;
- a expansão dos serviços de urgência como a Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e o SAMU, e a criação mais recente de novos serviços e modos de cuidado como as equipes de Atenção Domiciliar do “Melhor em Casa”;
- o investimento no trabalhador, por meio do desenvolvimento da política de educação permanente e da formação no SUS, com processos educacionais diversificados para trabalhadores em nível elementar, médio, técnico e superior, com modalidades que vão de residência e mestrados profissionais para as várias profissões até a educação permanente em serviço.
- a valorização dos trabalhadores com ações de democratização das relações de trabalho; mesas de negociação; programas de desprecarização de vínculos; Programa de Valorização dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias; e com a entrada do Brasil no que aqui passou a ser chamado de “Agenda do Trabalho Descente no SUS”, investindo na qualidade do trabalho, apostando na participação e combatendo todas as formas de preconceito, racismo, machismo, homofobia, discriminação e intolerância;
- o fortalecimento da participação popular e do controle social, desde o respeito aos fóruns permanentes de diálogo e decisão até as diversas Conferências nos três entes, passando pelos processos de participação, presenciais e virtuais que reforçam o real, como o SUSConecta;
- o respeito democrático e republicano nos espaços e com os entes da relação interfederativa do SUS.

Renovar a política para manter as lutas sociais.

Com o desfecho do golpe, disfarçado de impeachment, pela maioria dos deputados e senadores do país, o PT amarga uma das piores situações  destes 35 anos de existência. O presidencialismo de coalizão se mostra esgotado e a governabilidade em meio ao fisiologismo no meio político-partidário do Brasil já apresentava rumos diferentes do que a direção seguia. Diversos intelectuais, cientistas políticos, militantes e lideranças  dos movimentos sociais já alertavam que uma hora essa bomba relógio explodiria. E foi o que aconteceu.
As tramas da direita, somada e orientada com os barões da mídia e de setores conservadores representados pela bancada evangélica, dos latifundiários e empresários ligados ao setor especulativo, assim como os partidos com diversos parlamentares envolvidos em esquemas de corrupção que assolam o país há muitas décadas, aproveitou-se das fragilidades criadas pela burocratização dos dirigentes da esquerda e  êxito desde a reeleição de Dilma, que enfrentou dificuldades desde que foi reconduzida à presidência, após uma campanha dura e difícil, na qual a sociedade civil foi imprescindível para reelegê-la e logo em seguida teve a decepção de ver o Ministério da Economia ser conduzido por Levy, um conservador neoliberal.
As centrais sindicais ligadas aos partidos de esquerda passaram então a criticar o governo Dilma de forma contundente e somando-se às demais organizaes sindicais e sociais, já em linha de tiro contra o planalto, ajudaram a desgastar a imagem da presidente perante a classe trabalhadora e camadas populares.
A imprensa noticiava com entusiamo as manifestaes de sindicalistas pró-governo, que defendiam a manuteno do governo, mas criticavam as medidas econômicas e as reformas propostas pela equipe de Dilma. Lula chegou pedir durante o Congresso Nacional da CUT, que entidade apoiasse Dilma, mas mesmo aplaudido, os sindicalistas pediam mudanas a diretriz que no surgiram. 
Com o acirramento das denúncias e ofensivas da operação Lava Jato contra figuras públicas do PT, a unidade entre as grandes entidades dos movimentos sociais ligados ao PT e o PCdoB juntaram-se naquela que agora coordena as atividades de resistência contra o golpe é democracia no Brasil, a Frente Brasil Popular que reúne o MST, UNE, PCdoB, PT, Levante da Juventude, Marcha das Mulheres, CUT, CTB entre outras entidades nacionais que ocuparam as ruas nos últimos meses, em defesa da democracia e do mandato da presidente eleita e reeleita de forma legítima.
Foi tarde. A reação dos grandes movimentos sociais não se deu no tempo certo e a aliança com o governo não foi estratégica e sim tática, meramente para contrapor o golpe. Eis aí um dos erros fatais que levaram a queda de Dilma. A juventude e setores progressistas não saíram ás ruas para a defesa da manutenção democrática e a sociedade dividiu-se nas ruas de algumas capitais do país, uns a favor do impeachment e outros contra.
O distanciamento do PT de sua base social e o isolamento dos que criticavam as medidas impopulares e a burocratização  da cúpula sindical e partidária, trouxe o aprofundamento da crise interna, na qual muitas das principais cabeças pensantes do partido resolveram se afastar do núcleo dirigente e este como hipnotizado pela mera manutenção no poder federal, ignorou os riscos de investir na partilha de cargos em troca de uma governabilidade frágil e submissa aos interesses que no eram da população que elegeu e reelegeu o governo de Lula e Dilma por quatro vezes consecutivas.

Por Diógenes Brandão, autor do blog AS FALAS DA PÓLIS.

Universidades Federais não podem ser censuradas.

A Defensoria Pública da União (DPU) enviou ofício, nesta terça-feira (10/05), aos reitores e diretores de Instituições de Ensino Superior federais, recomendando “que as Universidades Federais e outros Institutos de Educação Superior pertencentes à União, no exercício de sua autonomia didático-científica, assegurem a livre iniciativa de seu corpo docente, discente e servidores na promoção e participação em atividades pacíficas, cujo tema se relacione ao debate em torno da atual conjuntura política nacional, do processo de impeachment em trâmite no Congresso Nacional ou de qualquer outro assunto que seja de interesse da comunidade universitária (servidores docentes, técnico-administrativos e discentes) e da sociedade em geral, sem qualquer cerceamento no exercício do direito à livre expressão, independentemente de posição político-ideológica”.

A recomendação surge em decorrência aos “recentes episódios noticiados pela mídia nacional, em que o livre exercício do debate democrático sobre questões relacionadas à crise política que o Estado Brasileiro está vivenciando foi ofendido por decisões judiciais e recomendações administrativas, que tiveram como objetivo cercear o acesso a espaços da Universidade para discussões políticas e filosóficas sobre o contexto político atual, restringindo o tema das discussões acadêmicas e coibindo a manifestação das autoridades, que, de forma autônoma, gerenciam as Universidades Federais e Institutos Técnicos”.


Assinaram o documento, os defensores públicos federais Eduardo Nunes de Queiroz, Daniel Chiaretti, Estêvão Ferreira Couto, Fernanda Hahn, Yuri Michael Pereira Costa, Thales Arcoverde Treiger, Pedro Renno Marinho e Adriano Cristian Souza Carneiro, todos titulares de Ofícios de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da DPU.


Leia a recomendação na íntegra:


OFÍCIO CIRCULAR Nº 1 DPU 2CATDF/GDPC 2CATDF/OFDHTC 2CATDF


Aos Reitores e Diretores de Instituições de Ensino Superior Federais,


Senhor(a) Reitor(a)/Diretor(a),


A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado, incumbida constitucionalmente, enquanto expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, da orientação jurídica, da promoção dos direitos humanos e da defesa em todos os graus dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV e 134 da CF/88, por meio dos titulares de seus Ofícios de Direitos Humanos e Tutela Coletiva abaixo assinados, no uso de suas atribuições, com fulcro no art. 4º, incisos II, X e XI da Lei Complementar nº 80/94, e


CONSIDERANDO que a liberdade de expressão é um direito fundamental assegurado pelo art. 5º, IX da Constituição da República Federativa do Brasil, e reconhecido na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, na Declaração Universal de Direitos Humanos, na Resolução 59(I) da Assembleia Geral das Nações Unidas, na Resolução 104 adotada pela Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e em outros instrumentos internacionais e constituições nacionais;


CONSIDERANDO que a consolidação e o desenvolvimento da democracia brasileira dependem da existência e do efetivo exercício de liberdade de expressão;


CONSIDERANDO que o direito à liberdade de expressão é essencial para o avanço do conhecimento, da ciência e do entendimento entre os povos, e que conduzirá a uma verdadeira compreensão e cooperação entre os diversos setores que compõem a sociedade;


CONSIDERANDO que, ao se obstaculizar o livre debate de ideias e opiniões, limita-se a liberdade de expressão e o efetivo desenvolvimento do processo democrático;


CONSIDERANDO que a livre reunião pacífica, em locais públicos e independentemente de autorização é um direito fundamental assegurado pelo art. 5º, XVI da Constituição Federal, constituindo-se na expressão coletiva da liberdade de manifestação do pensamento;


CONSIDERANDO que o pluralismo político é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1.º, V, CF/88), assegurando a realização dos postulados democráticos a partir da diversidade de ideias, opiniões e convicções;


CONSIDERANDO que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, deve visar ao pleno desenvolvimento da pessoa, preparando-a para o exercício da cidadania (art. 205, CF/88), bem como que o ensino será ministrado com base na liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber e no pluralismo de ideias e concepções pedagógicas (art. 206, II e III, CF/88);


CONSIDERANDO que a educação superior tem entre suas finalidades legais (art. 43, I, III, VI da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – nº. 9.394/93) estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo, incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive, bem como estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;

CONSIDERANDO que as atividades de ensino, pesquisa e extensão requerem o diálogo permanente entre a Universidade e a sociedade em geral, de forma a produzir conhecimento e saberes conectados à realidade social subjacente à experiência acadêmica;

CONSIDERANDO que a Constituição Federal assegura a autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial às universidades (art. 207, caput, CF/88);

CONSIDERANDO os recentes episódios noticiados pela mídia nacional, em que o livre exercício do debate democrático sobre questões relacionadas à crise política que o Estado Brasileiro está vivenciando foi ofendido por decisões judiciais e recomendações administrativas que tiveram como objetivo cercear o acesso a espaços da Universidade para discussões políticas e filosóficas sobre o contexto político atual, restringindo o tema das discussões acadêmicas e coibindo a manifestação das autoridades que, de forma autônoma, gerenciam as Universidades Federais e Institutos Técnicos;

RECOMENDA

QUE as Universidades Federais e outros Institutos de Educação Superior pertencentes à União, no exercício de sua autonomia didático-científica, assegurem a livre iniciativa de seu corpo docente, discente e servidores na promoção e participação em atividades pacíficas, cujo tema se relacione ao debate em torno da atual conjuntura política nacional, do processo de impeachment em trâmite no Congresso Nacional ou de qualquer outro assunto que seja de interesse da comunidade universitária (servidores docentes, técnico-administrativos e discentes) e da sociedade em geral, sem qualquer cerceamento no exercício do direito à livre expressão, independentemente de posição político-ideológica.


Comunicação DPU/RJ

Secretaria de Desenvolvimento Econômico discute gargalos do setor de energias renováveis.

Cerca de 30 empresários do setor participaram de debate no auditório da SDE
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico reuniu hoje (09.052016), em seu auditório, cerca de 30 representantes de empresas de energias renováveis para discutir os principais gargalos do setor: o licenciamento ambiental e a demora, por parte do sistema bancário, na liberação do financiamento dos projetos. Participaram do debate, além dos empresários, os secretários de Desenvolvimento Econômico, Jorge Hereda; da Ciência e Tecnologia, Manoel Mendonça; e de Meio Ambiente, Eugênio Spengler.
Spengler abordou as principais questões ambientais que cercam os investimentos em parques de energia eólica e solar, como a proposta de alteração do decreto que trata da reserva legal e as alterações nas resoluções 001 e 237 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). “Temos tido uma relação muito estreita com o empresariado que lida com as energias renováveis. Tudo que é possível fazer, quando há ausência de potencial e significativo dano ambiental, nós fazemos. Só não dá pra dizer que uma estrada é uma picada”, brincou Spengler.
Já o superintendente do Banco do Nordeste na Bahia, José Gomes, explicou a reabertura da linha de crédito do banco para financiar, através de fundos constitucionais, grandes projetos de energia eólica, depois de quatro anos ausente do mercado. “A participação dos recursos em projetos aprovados poderá ser de até 60% do investimento total, com prazo de até 20 anos e carência de até oito anos. Serão oferecidas taxas de juros que variam de 12,95% a 9,5% ao ano”, explica Gomes.
Quem também participou do debate foi o estaleiro Enseada Indústria Naval, que apresentou o projeto de transformar sua gigantesca estrutura, que ocupa uma área de 1,6 milhão de m2 em Maragogipe, no Recôncavo da Bahia, no Polo Industrial Enseada,  abarcando novos negócios industriais e de logística. “Desenvolvemos um plano de negócios especialmente para a energia eólica. Temos capacidade industrial, grande área para estocagem e um terminal portuário pronto para realizar as grandes operações de logística que o segmento requer”, disse Guilherme Guaragna, diretor do Polo Industrial Enseada

Representando o secretário Marcus Cavalcante, o diretor da secretaria de Infraestrutura, Silvano Ragno, falou sobre o projeto de reestruturação da ponte sobre o rio Pratigi, em Ipirá, que é uma rota rodoviária fundamental para o transporte das gigantescas peças – pás, aerogeradores e torres – que compõem o sistema de geração de energia eólica.

Pelo terror juiz arranca delação premiada.

Mensagem ao ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STF.
O que de indecência se assiste em Brasília!
Enquanto a nação se debate em grave crise político-econômica com efeitos devastadores nas classes produtoras e trabalhadoras, as elites dirigentes se engalfinham pelo poder.
Ubiadvenimus! Onde chegamos!Exclamava o apóstolo Paulo na estrada de Damasco. Para coroar este desencontrão, as elites do país criaramesta Medusa denominada LavaJato, cujos olhares só veem de um lado, coordenada por umintocável julgadorque desrespeita direitos, prazos processuais, tipificação de delitos, e, afinal, arranca de presos aterrorizados “delações premiadas”.
No século XV, o inquisidor-mor do Santo Ofício Torquemada condenava milhares dehereges à fogueira cujos lancinantes gritos se perdiam em meio ao crepitar das chamas; cinco séculos depois, o Torquemada tupiniquim da LavaJato lança os acusados na fogueira dos holofotes de poderosasredes televisivas, condenando-os ao ódio da sociedade e fazendo desabar sobre eles o enxovalhamento público. 
Olhemos a Europa e os EUA como prendem e julgam acusados de crimes. Na Lava Jato, prende-os, lança-os ao Tribunal da Mídia para a condenação e execração pública e depois os julga sem apelação.
Basta! Esfarrapa-se o devidoprocesso legal e se renega o Direito e a vida dos direitos. 
Visualizemos este tão maltratado Brasil, sangrado por uma privilegiada minoria, cuja mentecriou a cultura do cinismo.  
E por esta doutrina, haja mentiras e engodos para embairo povo brasileiro! Eis uma delas: “Que carga tributária pagamos!” Quem carrega todo o peso da carga de impostos? O consumidor final e os assalariados.
Ponha-se um basta na insensatez. Cessem as porfias de campanário e falem honestamente ao povo brasileiro.
Digam que a quase totalidade dos nossos aeroportos e portos está sucateada. Que fazer? Privatize-os. 
Digam que 50 mil km de rodovias estão em estado precário. Quem deve suportar o ônus com a construção de novas rodovias e reparos? As empresas de carga e transporte coletivo. Cento e cinquenta bilhões de reais são arrancados do Tesouro Nacional para manter a malha rodoviária.
Digam que os bilhões de reais gastos pelos brasileiros com compras de bugigangas e produtos supérfluos nos EUA precisam ser taxados por altas alíquotas.
Paremos um pouco. Dirijo-me ao ministro Ricardo Lewandowski. Na história da humanidade o poder decisório enfeixado nas mãos de um único homem o faz um déspota ou messias.Sugiro a V. Excia., a fim de deter o espetáculo do estrelismo que faz de Themis, a deusa da justiça, megera de todas as paixões, para que seja constituída equipe de juízes com o objetivo de coordenar a operação LavaJato.
Que fique esta interrogação nas palavras finais. 
Que excrescente processo de impeachmenté este?Tem a presidi-lo um Sumo Sacerdote da corrupção e do cinismo.
Face a este tétrico cenário, os nossos antepassados no silêncio infinito de suas tumbas soluçam.


Por: Agassiz Almeida, escritor, ativista dos direitos humanos, Promotor de Justiça aposentado, professor da UFPB. Autor de obras clássicas da literatura brasileira. Participou das frentes de luta contra as ditaduras no Brasil, no Chile de Pinochet e em Portugal de Oliveira Salazar. (Dados colhidos no Google e na Wikipédia).