Antes do Moro.

Os mouros, povo Africano, de onde hoje é o Marrocos, precisaram de menos de uma década para dominar a região Ibérica. Eles permaneceram lá controlando durante quase oito séculos. Contam que a invasão teria sido incentivada pelo mesmo povo que habitava a região, os Visigodos, como eram chamados, tinham origem germânica, mas haviam se convertido ao cristianismo e viviam envolvidos em disputas internas. Não sabiam eles que os Mouros cometeriam todo o tipo de arbitrariedade possível. É da natureza do ditador.
Não satisfeitos e sentindo-se intocáveis, eles partiram para dominar o resto da Europa. Foi a primeira derrota. Pois não conseguiram seu intento. Há também a informação de que aquele povo converteu-se ao islamismo após o contato com árabes vindos do Oriente Médio. E ai espalharam os mandamentos do profeta Maomé. Os Cristãos não ficaram nada satisfeitos com esse avanço religioso e cresceu o sentimento antimuçulmano, nos territórios ocupados. Na Espanha, os mouros tiveram que enfrentar El Cid, um herói na luta pela libertação de seu povo. É que sempre que um ditador, neste caso os mouros, surge em algum lugar, aparece sempre alguém para o enfrentar e dar um basta em seus crimes. Lembram o caso de Davi e Golias? Quando todo um exército se dobrava de medo, diante do gigante, um soldado franzino se apresentou para o enfrentar. E o resultado todos nós já sabemos. E como é histórico, toda ditadura tem um dia o seu fim. No caso dos mouros, ela aconteceu no ano de 1492.
No Brasil o Congresso Nacional fez o papel dos Ibéricos, e foram dando, através de emendas constitucionais, poderes ilimitados a cada ano a justiça. Hoje temos promotores e juízes em cidades e que não receberam um só voto na urna. A toda hora chamam prefeitos e secretários como se seus gabinetes fossem a antessala do mandatário das prefeituras. Dizem, “tem que construir aquilo ali. Tem que parar tal obra. Calçar a Rua. Comprar remédios que faltam na farmácia básica. E nem estão preocupados se o orçamento suporta. A todo momento é sugerido um TAC – Termo de Ajuste de Conduta, ou “entraremos com um processo de improbidade administrativa”. Como se a chantagem estivesse na literatura forense como algo legal.
Criado o “Bicho-Papão”, agora temos o Moro, juiz de primeira instância que, percebendo a fragilidade do sistema jurídico, anda dando golpes de canetas direcionados a um só Partido. Mas isto acontece por dois fatores: os acusados e apresentados à execração pública, são Petistas. E se até na alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal, a injustiça foi praticada contra um réu, Zé Dirceu, que não tinha contra ele uma única prova do delito ao qual estava sendo julgado, (ver a fala da ministra Rosa Weber, “não existem provas contra o réu, mas a literatura me permite condenar”). O que esperar do “Golias” diante de uma sociedade dividida? De um lado, aqueles que se acovardam e se escondem com medo do justiceiro. Do outro, os que o aplaudem! Estes, mais por sempre estarem juntos daqueles que cometem crimes. Sonegadores de impostos é um bom exemplo deste tipo de gente. São como aqueles que no dia do julgamento de Cristo, diante do juiz, preferiram o criminoso Barrabás, e condenaram a Jesus. Naqueles dias, como hoje, não houve, nem está havendo um julgamento justo. Vale a prisão espetaculosa, o escárnio público. Como se não bastasse o enclausuramento, o Moro açoita com o seu chicote midiático, humilha.
Antes do Moro a justiça já era cobrada por seus atos distantes da realidade do povo brasileiro. Quem se lembra do “no Brasil só é preso ladrão de galinha?”. Isto definia a forma injusta como eram trancafiados pobres enquanto os ricos viviam praticando seus crimes e nada lhes acontecia. Com a aparição do “justo”, que veio como um Durango Kid, a colocar atrás das grandes os criminosos que antes zombava da sociedade. Mas ao parcializar suas sentenças, antes mesmo do julgamento final, o herói começa a ser desnudado. Aparecem informações de que ele teria sido advogado de um Tucano envolvido em práticas ilícitas, e que teria sido testemunha de defesa da tal figura, que foi inocentado. Aparecem também a notícia de que no mesmo caso o, já conhecido, Alberto Youssef, era o delator e criminoso, e saíra livre de condenação. Velhos conhecidos, Youssef e Moro, passearam pelo PSDB. Falando nisso, sua esposa é advogada do atual vice-governador do Paraná, que também é tucano. Enrolado neste carretel, o Moro, vai paralisando o país até que surjam mais alguma informação de que o gigante caiu diante do Davi (a notícia que falta do Moro e o tucanato).

Dimas Roque.

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