Emiliano e as bestas do Apocalipse.

Meu amigo Venicio Lima, notável professor, intelectual raro, aconselhou-me a de vez em quando visitar a Bíblia pela sabedoria que encerra. Custo a seguir o conselho. Pensei, no entanto, agora, assim num assomo, no Apocalipse. É, o Apocalipse é um espectro que ronda a humanidade, para parafrasear Marx. Volta e meia o retiram da algibeira para assustar crentes. No ano que passou, vocês não observaram a Besta solta nos jornais, noticiários de TV e de rádio? A Europa em crise era um paraíso perto da crise vivida pelo Brasil. Quase aceito o conselho de Venicio tal a sorte de desgraças que batiam à porta. Talvez a Bíblia nos salvasse das sete pragas do Egito que rondavam nossas casas. Fui ver bem: as Bestas torciam, em seus sonhos o Apocalipse seria o cataclismo que podia derrotar a maligna distribuição de renda, que podia acabar com essa invasão dos aviões, shoppings, restaurantes, até lojas do exterior por essa gentinha pobre e sem classe. Era preciso chamar a inflação de volta, fazer crescer os juros, diminuir o consumo dos pobres, botar ordem na casa. E pra isso nada melhor do que difundir, provocar, chamar a Besta. Inflação, deficit fiscal, contas desordenadas, mundo desabando. E o ano se foi, as bestas enfiaram a viola no saco, e o Apocalipse não veio. E o diabo da Dilma lá em cima, pesquisas dando vitória no primeiro turno. As bestas afinam as cordas vocais, preparam as penas para danarem novamente a falar e escrever anunciando novos Apocalipses. Até porque as bestas consultaram a Bíblia e descobriram que neste ano 14 será 13! Vade retro! Das Muralhas de Jericó leitões, mervais, cantanhedes e jabores vão chamar a Besta novamente em socorro deles. Duro é enfrentar novamente a populacha, que sabe o paraíso longe, que sabe, no entanto, o quanto a vida melhorou e o quanto pode ainda melhorar. É Dilma de novo com o voto do povo! 14 será 13!
Emiliano José é Jornalista.

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