Um programa inteiro dedicado às medidas propostas pela
presidente Dilma Rousseff após reunião com governadores e prefeitos de todo o
Brasil. No Conversa com o Governador desta semana, o governador Jaques Wagner
comenta o que foi debatido e quais as soluções sugeridas, após o encontro, para
as demandas surgidas com as manifestações populares em todo o país nas últimas
semanas.
“A primeira postura foi exatamente uma pactuação entre todos
nós em defesa da democracia, que eu considero que é o valor maior conquistado
pelo povo brasileiro a partir de 1985 – e é como vivem as grandes nações, em
democracia – e um compromisso nosso de amadurecer, cada vez mais, e fortalecer
a democracia brasileira, porque ninguém quer mais nenhum tipo de ditadura e
nenhum tipo de regime autoritário”, afirmou o governador.
Para Wagner, a reforma política é a mais importante. “A
classe política deve isso ao povo brasileiro. A presidenta Dilma propôs um
plebiscito para viabilizar a participação popular e ter um congresso
específico, com a determinação de votar apenas a reforma política. Por que
isso? Porque muita gente considera que com o Congresso que se elegeu com as
regras atuais, fica impossível que os próprios deputados mudem aquela regra que
favoreceu a eleição deles”.
O segundo ponto da proposta da presidente, abordado pelo
governador, é o combate à corrupção. Wagner entende que o endurecimento das
leis que digam respeito à questão da corrupção devem ser “no sentido de, cada
vez mais, além das ferramentas de transparência, além da gente fortalecer as
polícias, o Ministério Público, no seu mister de investigação, toda estrutura
que nós temos da Receita Federal é, evidentemente, aqueles que forem capturados
em corrupção ter uma legislação mais dura na punição”.
Wagner avalia que, das reivindicações populares, a Bahia já
está avançando, por exemplo, no setor de mobilidade urbana, “Isso nós já
estamos fazendo aqui com o metrô, com várias avenidas que estamos abrindo. A
presidenta Dilma abriu a possibilidade de mais de R$ 50 bilhões para obras nas
capitais relativas à mobilidade urbana, ao transporte público e, portanto, eu
acho que esse é o grande grito na rua”.
O governador diz que o mundo inteiro reconhece os avanços
conquistados pelo Brasil nos últimos anos. “A melhoria do salário mínimo, do
padrão de vida, mais gente tem casa, tem equipamentos dentro de casa”. Ele
também acha que a vida nas cidades, principalmente nas grandes cidades, piorou.
“Por questões voltadas à segurança e por questões voltadas principalmente ao
transporte público, onde as pessoas gastam duas, três, quatro horas, às vezes,
para ir e voltar de casa para o seu trabalho. Então essa questão precisa ser
atacada”.
Na área de saúde, Wagner falou sobre a questão do número de
médicos. “O Brasil tem um número de médicos para cada 100 mil habitantes muito
abaixo da média mundial e mesmo de alguns países aqui da América Latina. Daí a
decisão dela de contratar – emergencialmente – médicos estrangeiros”.
Segundo ele, o Ministério da Saúde mostrou que vários países
do mundo têm um grande índice de médicos não-nacionais trabalhando, muito
grande. “Aquilo que aqui está parecendo uma panacéia, no mundo inteiro isso já
existe. Países que tem 18%, 20% de médicos atuando no país que são de fora.
Na área de educação, Wagner disse que a Bahia se destaca.
“Eu diria até que na área de educação é aquilo que a gente mais tem caminhado e
precisa aprofundar com a melhoria da forma de gestão. Então, eu considero que a
reunião foi muito positiva. Agora precisamos montar os Grupos de Trabalho e
começar a concretizar essas questões e discutir fundamentalmente no Congresso
Nacional – ou no plebiscito, como está proposto por ela – a questão da reforma
política que, para mim, é a mais importante”.
O governador afirma que todos estão preocupados, querendo
dialogar, de tal forma que o movimento possa ser transformador para o bem. “Eu
vou manter a minha postura, garantindo o direito à manifestação e,
evidentemente, o direito de ir e vir, o patrimônio público e o privado, porque
eu acho que democracia se faz fundamentalmente com diálogo e com a negociação.
E eu insisto aqui que, durante a semana, vou buscar ter contato com lideranças
do movimento, de tal forma que a gente possa estabelecer um canal de
negociação”.
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