É melhor Paulo Afonso jogar dentro ou fora de casa?

Temos dito em nosso Programa de Rádio que Campeonato Intermunicipal é muito mais difícil de ser disputado que o Campeonato Cachoeira de Paulo Afonso: o primeiro possui uma abrangência maior, envolve um número muitíssimo superior de equipes participantes, além de ser mais diretamente conduzido pela Federação Baiana de Futebol; o outro é mais de âmbito local e organizado e administrado pela Liga Desportiva de Paulo Afonso.

O Campeonato Intermunicipal tem um sistema de disputa que mexe muito com o bolso dos seus patrocinadores diretos, geralmente as Prefeituras detêm a fatia majoritária na liberação de recursos, fato que tem sido contrariado em Paulo Afonso, notadamente agora em 2010. Duas vertentes devem ser consideradas: jogar dentro de casa e cumprir os compromissos de uma Tabela atuando nas cidades que têm suas seleções no mesmo Grupo que o da gente. Isto vai refletir no âmbito esportivo, o time em especial, e no financeiro, que agrega um montão de dinheiro que se tem que gastar para manter o time bem abonado e não vê-lo sentir descompassos no campo de jogo por conta de um recurso que faltou para custear transporte e estadia nos desafios fora de Paulo Afonso.

Domingo último, dia 01 de agosto, 191 torcedores compraram ingresso, mas nas arquibancadas tinha muito mais que duzentas pessoas. Como? O porteiro deixa passar jogadores que não estão servindo à seleção, se compadece da choradeira de atletas que beijam os dois dedinhos e juram que não têm três reais para adquirir seu ingresso, ou seja, funciona o jeitinho pauloafonsino de ser para ver jogo da nossa seleção sem pagar, ganhando o porteiro num bom papo.

No jogo de estréia, Paulo Afonso 01 X 01 Araci, os R$ 573 reais arrecadados na bilheteria não foram suficientes para cobrir as despesas com arbitragem: R$ 740 reais e a LDPA teve que complementar com dinheiro advindo da contribuição de terceiros para pagar uma conta que já vem toda discriminada pela Federação Baiana. E o pagamento não pode ficar pra depois, ou seja, Sérgio Medeiros (de Alagoinhas), José Hélio (de Pombal), Timóteo Meireles (de Tucano) e Hulgo Campos (de Paulo Afonso) fizeram seu trabalho e após o apito final cada um recebeu aquilo que a Federação prescreveu.

Em contrapartida, quanto ganha cada jogador da nossa seleção inscrito para defender e honrar os compromissos do time, além de ouvir xingamentos da torcida e as broncas do treinador? Até aqui, zero + zero vírgula zero! Sem o repasse de qualquer valor por parte da PMPA, a Liga ficou de mãos atadas, numa situação tão caótica que até as mulheres, que nos jogos do Campeonato Local adentravam o Estádio Álvaro de Carvalho sem nada pagar, no Intermunicipal tiveram que desembolsar os três reais cobrados na bilheteria para poder torcer pela nossa seleção. É uma situação esdrúxula, mas qualquer receita que entrar no Caixa será de enorme serventia, porque até os coletes e material de treino tem alguém se predispondo a lavá-los com custo zero. Isto é que amor à camisa!

Domingo agora, dia 08, nossa seleção realizará seu segundo compromisso no Intermunicipal deste ano, porém o primeiro jogo fora de Paulo Afonso. Jogo será em Crisópolis, que foi goleada final de semana passada por cinco a zero contra Santa Luz na casa do adversário. Bom lembrar que, diante de Santa Luz, muitos titulares de Crisópolis não atuaram porque estavam cumprindo suspensão aplicada em 2009, mas retornam ao time exatamente na partida contra Paulo Afonso.

Teremos contra nós a torcida de lá, que talvez nos deixe mais à vontade; afinal, é gente que não conhecemos. Aqui, é que o crivo adotado pelos torcedores é muito forte, a cobrança é severa demais e alguns dos jogadores podem não se sentir tão à vontade. Ao contrário do que fizeram vários torcedores de Araci, que se integraram à delegação e ocuparam as arquibancadas no jogo contra a seleção da gente, os torcedores pauloafonsinos não deverão acompanhar a seleção de Alonsão lá em Crisópolis. A não ser que algum torcedor de Paulo Afonso que lá resida resolva dar uma forcinha pra nós. Quem sabe?

Para a nossa primeira apresentação fora de casa, certamente vamos ter que encarar mais problemas, ou melhor, desafios. Precisaremos superá-los sem, contudo, comprometer o bem estar do grupo. Talvez, além dos pepinos que as viagens no seu bojo proporcionam ainda tenhamos que conviver com o drama do dinheiro curto, o maior dos incômodos, aquele que vem tirando o sossego das pessoas que estão no comando da seleção desde o início dos trabalhos.

Se aqui em Paulo Afonso precisamos da arrecadação para pagar aos árbitros, lá fora precisaremos ter suporte para oferecer uma assistência mínima aos jogadores a fim de evitar reclamações dos mesmos na hora do jogo. Já que entramos na dança, agora teremos que dançar de acordo com o ritmo da música, mesmo que as chuteiras façam calos. No amadorismo é preciso ter muito jogo de cintura!

Nilson Brandão é colunista do Site Notícias do Sertão.

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