Em discurso, Wagner confirma desentendimento de João com Geddel e diz que bem venceu a intimidação na Bahia.

Num discurso de cerca de 30 minutos em que repetiu à exaustão palavras como humildade, lealdade e gratidão, e no qual, pela primeira vez, embora sem citar nomes, falou diretamente sobre o rompimento com o PMDB, consumado há 15 dias, o governador Jaques Wagner insinuou hoje à tarde que o prefeito João Henrique (PMDB) não se relacionava com ele por imposição do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).

“Quanto prazer me deu receber o prefeito João Henrique para me dizer: ‘governador, não há mais obstrução, vamos conversar normalmente?’ Se eu converso com os prefeitos do DEM, porque não podia eu conversar com o prefeito da minha capital, do PMDB? E esta desobstrução aconteceu porque as coisas mudaram, porque as pessoas despertaram”, disse Wagner, durante a solenidade de posse dos secretários João Leão (Infraestrutura) e James Correia (Indústria e Comércio), no Centro de Convenções.

O governador prosseguiu sob aplausos: “Me perdoem a sinceridade, (a desobstrução ocorreu) porque o bem, o jeito de fazer política do bem, venceu o jeito de fazer política da intimidação, de acuar, de intimidar quem quer que seja”. As declarações do governador funcionaram praticamente como a confirmação de que o prefeito teria relatado a ele, em audiência na segunda-feira, ter se desentendido com o líder do PMDB baiano, dando detalhes da briga que acabaram vazando para a imprensa.

A crise entre o prefeito e o ministro foi desmentida ontem pela assessoria da Prefeitura e tachada hoje por Geddel como “futrica”. Wagner fez a referência a João Henrique depois de também repetir algumas vezes que se sentia mais leve após o rompimento com o PMDB e “alguém que estava dentro do barco remando contra” e apontar a presença na platéia do secretário municipal de Obras, Antonio Abreu, indicado pelo PP na administração do prefeito.
Por Raul Monteiro.

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