OS MODERNOS BIÔNICOS DO SENADO

Na época da ditadura, para garantir maioria no Senado, os generais criaram a figura do senador biônico, isto é, nomeados. Um terço do Senado era composto de biônicos, o que garantia à ditadura aprovar o que bem quisesse no Congresso, porque na Câmara era mais fácil de controlar. Em último caso, cassava-se o deputado rebelde. Agora, porque o Congresso se recusa a aprovar uma Reforma Política que possa, pelo menos, melhorar a imagem da classe política, existem os senadores sem votos. São aqueles que exercem o mandato, mas não receberam um voto sequer, porque eram suplentes dos titulares que, à medida que morreram ou se deslocaram para outro espaço público, cederam as suas vagas. Hoje, o Senado tem exatamente 16 senadores sem votos, os biônicos modernos. O último será um cidadão chamado Mauro Facury, que assumirá o lugar de Roseana Sarney, que ocupou o governo do Maranhão com a cassação do mandato de Jackson Lago (o mandato de Roseana também é contestado) . Ora, se na ditadura um terço era destinado aos biônicos, agora, com a democracia, temos um quinto. São os sem votos, ou seja, biônicos também.
Por Samuel Celestino.

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