Ministra Dilma no Fórum Social


Belém, 29 (AE) - Era para ser mais uma mesa-redonda, para discutir o papel da mulher na política. Mas na prática virou uma espécie de comício, em pleno coração do Forum Social Mundial, que está ocorrendo em Belém, no Pará. Assim que a ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, adentrou o palco, sendo apresentada como uma das debatedoras, os petistas que lotavam o auditório entoaram o canto de guerra da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, agora com outro nome: "Olê, olé, olé, olá.... Dilma, Dilma..." E imediatamente engataram outro refrão de campanhas petistas: "Brasil! Urgente! Dilma presidente!"

O tema do debate, promovido pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, não poderia ser mais apropriado para a ministra, apontada como a preferida de Lula para sucedê-lo na Presidência. Logo na intervenção inicial da mesa, a governadora paraense Ana Julia Carepa, primeira mulher eleita para a chefia de um Estado sob a sigla do PT, disse que "estamos chegando a um momento muito importante da nossa República, o momento de termos uma mulher na Presidência".

Na intervenção seguinte, a senadora Fátima Cleide, do PT de Rondônia, disse que "o nome da companheira Dilma tem sido repetido e desejado por todo o País para dar continuidade ao trabalho do presidente Lula". Também fazia parte da mesa a ministra Nilcéia Freire, da Secretaria da Mulher.

As três fizeram intervenções relativamente rápidas, levantando a bola para a ministra Dilma, que falou longamente e em tom de discurso. Lembrou o início de sua militância política, nos anos da ditadura militar, em organizações de esquerda que pregavam a luta armada: "Fizemos a autocrítica, mas não mudamos de lado: continuamos ao lado do povo, dos trabalhadores".

Defendeu enfaticamente o governo do qual faz parte: "Voltamos a colocar o desenvolvimento na ordem do dia, acabamos com a proibição que existia para essa palavra." E deteve-se de forma mais detalhada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que está sob sua coordenação: "Não é só uma lista de obras, mas sim um plano de integração nacional."

Como estava em plena Amazônia, no meio de um fórum destinado a discutir a preservação dessa região, ela também falou sobre o assunto, afirmando que o governo Lula considera a região estratégica para a construção e consolidação do Brasil como nação. Lembrou atividades que estão sendo desenvolvidas, como os programas destinado a reduzir o desmatamento, até chegar ao nível zero em 2017.

Foi aplaudida em três ocasiões durante o discurso. Uma delas foi quando citou a crise econômica mundial, afirmando que, ao contrário do que teria ocorrido em governos anteriores, o do presidente Lula "tem instrumentos para combater a crise" e "para garantir o emprego, pois só com a garantia da renda é que se pode crescer".

Ao final, de novo a plateia reunida num grande galpão, conhecido como Tenda dos 50 Anos de Vitória da Revolução Cubana, com uma estrutura de metal e lona, voltou a entoar os refrões da campanha presidencial. Na saída, durante entrevista coletiva, a ministra disse ter ficado comovida com o calor da plateia, mas que ainda não é candidata: "O presidente Lula ainda não conversou comigo a esse respeito. Não tem nenhuma questão colocada ainda, porque não houve essa conversa."

Quando lhe perguntaram se achava se o Brasil estava preparado para eleger uma mulher presidente, ela teve uma saída elegante: disse que o povo brasileiro está preparado tanto para eleger uma mulher quanto um negro, um índio. No discurso ela já havia dito que "nosso país é tão democrático que um torneiro mecânico chegou à Presidência".

Uma curiosidade: entre os convidados especiais do encontro encontrava-se a política francesa Segolene Royal, que disputou a presidência nas eleições de 2007. E foi derrotada por Nicolas Sarkozy. Ela chegou a subir ao palco para abraçar Dilma.

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