A FESTA (Do Livro: QUANDO O AMOR INCOMODA)

Imagem ilustrativa

Acaba de começar a semana e já é segunda-feira, são 09h34m da manhã e ela me fala que no próximo sábado vai haver uma festa no clube da cidade. Perceba que serão sete dias o que separa o primeiro contato entre duas pessoas que se amam da data do tal evento. Porque eu falo isto? Porque você perceberá ao longo desta narrativa a tortura que é esperar esta extensa semana enquanto meu amor se prepara para mostrar para todos a nova dança que aprendeu com as amigas no salão.

À noite ao chegar a casa dela sorrindo de felicidades, pois irei encontrar o meu amor novamente. Ela abre a porta e me dá um beijo carinhoso. Apaixonado como sempre digo. – Eu te amo! Todas as vezes que falo isto para ela é a mais pura verdade. Mas a sensibilidade feminina que todos nós conhecemos nas mulheres, aparece nas belas palavras que vem daquela boca maravilhosa.

– Tá lembrado da festa? Não vá dá pra trás agora! Já marquei com minhas amigas e todas vão estar lá!

AV. DORIVAL CAYME, SALVADOR - BAHIA.


VIDA DURA ESSA (Do Livro: QUANDO O AMOR INCOMODA)

Ela não me entende e não vou perder meus dias tentando convencê-la de que não sou um cara que vive andando atrás de outra.

– Eu disse outra? Melhor outras!

Já tinham decorrido 15 dias que nós tivemos a ultima briga por causa de ciúmes dela. Revoltei-me naquele momento e entrei em greve. Acho até que foi ela quem começou. Peguei meu lençol e desci as escadas, fui me acomodar no meu velho e amigo sofá. Ali eu e ele nos tornamos inseparáveis naqueles dias. Sua cor amarela ouro, seu encosto de braço, cada lugar daquele amigão de todas as horas eu já conhecia. Sabia onde podia ou não ringir sua madeira.

Mas depois de tantos dias sem ter contato com minha esposa eu já estava subindo pelas paredes, agredindo o vento literalmente. Ela lá no seu canto impassível, irredutível na sua decisão de castigar seu homem. Passava por mim e o máximo que conseguia dela era um “oi”. Durante este longo período, por varias vezes tentei me chegar a ela, mas fui repelido. Se existe uma coisa que elas sabem fazer é nos maltratar. A primeira coisa que fazem é abstinência sexual. Nós pobres mortais ávidos para dar amor a nossas companheiras sofremos com isto.

UMA NOITE BREGA (Do Livro: QUANDO O AMOR INCOMODA)



Magem ilustrativa

Eu tinha chegado durante a tarde naquela cidade. Me deparei com uma tarefa das mais dolorosas das que costumo passar. Ir a uma festa de São Pedro e ouvir um artista que não é nordestino cantando música brega. Não sei o porquê da contratação desses artistas durante os festejos juninos, mas parece que virou moda nas cidades de médio porte que realizam festas juninas. Lá pelas 21h eu estava diante do portão de entrada e era espremido pela multidão que queria entrar. Eu seguia os passos de um casal de amigos. Pisávamos na lama, o que já era sinal de que aquela noite seria uma tortura.

A área tinha uma quadra de esportes que ficava coberta. Vocês imaginam que quando a chuva começava e isto ocorreu durante boa parte da noite, aquela multidão tinha a mesma idéia, se amparar debaixo da cobertura.

Os meus amigos tinham marcado um local para encontrar seus amigos. Ficava encostado em uma coluna que dava sustentação à bendita cobertura da quadra. O que eu não poderia imaginar era que naquele local...

O FIM DO VOTO CONCIENTE

Para quem militou durante o final dos anos 70 e por toda a década de 80 sabe muito bem do que vou falar neste texto. Naqueles dias muitos dos nossos parlamentares eram eleitos através do chamado voto consciente, ou como outros chamavam voto de protesto. Eram personalidades engajadas com os movimentos populares que conseguiam mobilizar a opinião pública unicamente através do discurso.

Os anos se passaram e com isso vieram as campanhas políticas caras. Hoje para que um candidato possa estar presente na comunidade ele terá que gastar uma soma vultosa. Um candidato a Prefeito em uma cidade de pequeno porte não faz sua campanha por menos de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Esse dinheiro é gasto na infra-estrutura dos comitês, em material de propaganda e na “compra de votos”. Aquele candidato que melhor souber colocar seu exercito nas ruas para encontrar famílias inteiras e pessoas dispostas a vender o seu voto, terá grandes chances de sagrar-se o vencedor do pleito eleitoral.

O candidato a vereador que tenha sua vida ligada as associações populares não garante um bom desempenho nas urnas se não tiver um grande volume de recursos para “doar” durante a campanha. Estão sendo eleitas pessoas descomprometidas com a população. Hoje o dinheiro é determinante para o sucesso ou o fracasso de um candidato nas urnas.

A direita, a esquerda, o centro, todos se utilizam atualmente do dinheiro para obter sucesso nas eleições. A “prostituição” política está enraizada nos partidos e na população que vende o seu voto. Ou são procurados ou procuram os políticos para obter vantagens. É difícil saber quem é o corrupto ou quem é o corrompido.

São mais quatro anos de espera para mudar algo que tenha sido feito errado. Mas quem vai pagar por isso?