A GUERRA DOS BLOGS



Tudo começou quando a Tv Cultura de São Paulo anunciou uma entrevista com o Ministro do Supremo Tribunal Gilmar Dantas no programa Roda Viva, que é apresentado pela Jornalista Lílian Witte Fibe. Este fato não teria tomado à importância que tomou se o nome dos jornalistas convidados para fazerem as perguntas ao ministro fosse mais plural. Nos dias que antecederam ao fato, a lista com os nomes era distribuída e questionada na Internet por uma grande parcela de Jornalistas Blogueiros e seus leitores comentaristas que expressavam suas opiniões de total descontentamento. Os principais nomes que questionavam a parcialidade da Tv Cultura na entrevista eram; Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Mino Carta, Luiz Carlos Azenha e Eduardo Guimarães. Foi criado dentro dos comentários e popularizada nas paginas principais dos Blogs, uma corrente de protestos para que as pessoas pudessem mandar suas criticas ao ombudsman. Os leitores deles se armaram de uma poderosa ferramenta, o pensar e questionar que antes os grandes meios de comunicação desprezavam. Invadiram a caixa de mensagem do ombudsman da TV e lá deixaram as suas impressões de como tudo estava se encaminhando para um jogo de cartas marcadas. Essa turma de guerrilheiros é conhecida por Petralhas.

Do outro lado estavam os que acreditavam que a lista premiava nomes conhecidos e de qualidade no jornalismo Nacional. Alegavam que a choradeira dos que agora reclamavam não passava de dor de cotovelo por não terem seus Jornalistas convidados para o debate. Seus argumentos, quando não ridicularizavam os questionamentos dos outros, simplesmente eram agressivos. Os principais representantes dessa ala são: Reinaldo Azevedo, Ricardo Noblat, Diogo Mainardi e Josias de Souza. Defensores ardorosos da lista em quetão. Eles incitavam seus leitores com textos do tipo; “Os tontons-MaCUTs e o jornalismo se aluguel já se mobilizaram, enviando protestos ao ombudsman da TV Cultura. Eles sentem falta de linchadores na bancada de entrevistadores. Os canibais estão sempre com sede, e as hienas têm uma carência danada de carniça. Precisam do cheiro da cadaverina para que possam dar o seu melhor. Nada é pior do que a decadência rancorosa”, R.A. Era a senha para a guerra. Batava dar uma passada pelos Blogs destes jornalistas para perceberem que a visão não era só de discordância, mas sim de confronto, isto tudo para saber quem conseguiria arrebanhar mais comentários favoráveis as suas falas. E sejamos francos, há textos e gosto para os dois lados. Para eles os nomes que iriam fazer um bate-papo entre amigos eram os mais competentes. Teve até quem escreveu que foi convidado mais não pôde estar lá. Estes são conhecidos na Internet como membros do PIG, Partido da Imprensa Golpista. Nome dado por um comentarista do Blog do PHA.

O debate ocorreu e como em um roteiro previamente escrito, transcorreu sem deixar marcas para o entrevistado. O que não se pode afirmar quando o caso é a TV Cultura que teve seus critérios questionados como nunca antes. A participação de alguns convidados foi criticada até mesmo pelo seu ombudsman, que escreveu; “Como Márcio Chaer, Reinaldo Azevedo, da revista Veja, passou todo o programa usando Gilmar Mendes – e às vezes também dispensando a participação do entrevistado – para expor suas “teses” e fazer ataques”. E Emendou; “Mas a maior parte do tempo Azevedo usou para fazer da bancada do Roda Viva uma tribuna na qual dispensou Gilmar Mendes da obrigação de apresentar o áudio do grampo e para um constrangedor contorcionismo pelo qual transformou a ministra Dilma Rousseff e o ministro Paulo Vanhucci em pessoas que poderiam ser enquadradas atualmente como terroristas pelo fato de terem pertencido, durante a ditadura, ao grupo de esquerda liderado por Carlos Marighela”. Pronto o senhor Ernesto Rodrigues caiu nas graças dos “petralhas” e virou inimigo dos membros do PIG.

Nesta guerra percebe-se uma coisa. Quase sempre são os mesmos leitores comentarias que participam dos debates. Figurinhas carimbadas utilizam o espaço nos Blogs que ao qual se alinham, para defender a tese do seu Blogueiro e se deslocam para os espaços contrários aos seus pensamentos para destilar venenos. Quase sempre de forma debochada. O Jornalista Nassif cunhou um nome para este tipo de pessoa. São “as abelhas”.

Para o dia 22 de dezembro a TV Cultura convidou o Delegado Protógenes Queiros. Foi a noticia do ano nos jornais e na Blogsfera. Mais uma vez os dois lados partiram para uma guerra aberta de acusações. E quando se pensava que os coordenadores do programa não cometeriam o mesmo erro na lista dos convidados, elegendo nomes que pudessem dar uma contribuição para elucidar algumas duvidas que persistam da operação Satiagraha, eles erraram. As pessoas chamadas representavam mais uma vez, um único lado. Se para o Ministro Gilmar foram chamados “amigos”. Para entrevistar o delegado mandaram alguns inquisidores. Representantes fiéis da ala PIG dos blogs políticos e jornalistas que estavam mais interessados em defender a categoria. Transtornado o senhor Fernando Rodrigues mostrava parte da transcrição do relatório da operação que teria pegado à jornalista Andréa Michel como uma das pessoas que ajudaram Daniel Dantas a conseguir um hábeas corpus preventivo ao fazer uma matéria para a Folha, onde afirmava que estava em curso uma investigação para prender aquele famoso banqueiro. Seguido por Noblat que fazia uma defesa da matéria feita como se a salvação do “jornalismo” dependesse do delegado aceitar a tese de que uma imprensa pode publicar o que bem desejar, sem se importar com as conseqüências dos seus atos. O que não foi aceito pelo entrevistado que afirmou que defende a liberdade de imprensa, mas com responsabilidade.

Durante as entrevistas e posteriormente nos Blogs das duas alas, as pessoas corriam para dar suas opiniões e impressões sobre a TV Cultura, os entrevistados e os entrevistadores. Fui buscar algumas opiniões para demonstrar o quanto está quente esta questão. Os amigos do Reinaldo falaram assim antes do debate em que esteve o ministro; Rafael Costa disse... “Na verdade a "canalha" está pedindo que a cultura também convide jornalistas "mais isentos" para o Roda Viva tipo um Mino Carta ou Paulo Henrique Amorim. 9:12 AM”. Já um dia após o programa encontravam-se textos tipo; “Repararam como O DO CHAPEU quis aparecer mais do que o entrevistado? Ele falava meia duzia de baboseiras e depois indagava ao Supremo: O que o sr. acha? Nem Gilmar Mendes aguentou… E esse juiz parece que saiu de um romance de Jorge Amado”... Escrito por alguém que se intitula Mariovaldo em 19/dezembro/2008 as 21:20. Era o contra ataque vindo dos leitores do Paulo Henrique. Nesta guerra de opiniões publicadas só os que não dispõem de argumentos ficam de fora. Mas nada se compara a batalha campal que aconteceu nas horas que antecederam e posteriormente a entrevista com o delegado. Às 12:36 no dia 22/12/2008, o Jornalista Luis Nassif, que foi introdutor do jornalismo de serviços e do jornalismo eletrônico no país, como ele mesmo se define, botava lenha na fogueira ao pôr em seu Blog o delicioso editorial da Revista Carta Capital que estava nas bancas. Lá estava novamente o seu exercito. O mais competente que passa pelos blogs de política. Às 22:21 ele abriu uma nova postagem com o titulo “O Roda Viva de Protógenes”, onde fazia uma analise dos jornalistas que estavam participando da inquisição ao Delegado. O primeiro comentarista já dava uma idéia da fúria que se abateu sobre esta legião; 21:29. Enviado por: Túlio. “Que falta de vergonha a seleção dos jornalistas nessa entrevista… Estão concentrando as perguntas em possíveis erros no relatório do inquérito”. 23:41 Azenha perguntava; “PROTÓGENES NO RODA VIDA. E AÍ? Alguma informação relevante? Um internalta responde; “Sim. A primeira de que há provas incontestes de que o banqueiro Daniel Dantas cometeu crimes capazes de levá-lo à prisão. A segunda quando o delegado afirmou que o que deveria chocar o país era a imagem de pessoas passando fome e nunca a imagem de bandido rico sendo preso algemado”. Pedro - Bahia (23:59).
Nesta guerra de Blogs políticos até agora só uma entidade saiu chamuscada, a TV Cultura que não soube ou não quis convidar as pessoas certas para a bancada de entrevistadores. Nem amigos nem inquisidores, a lógica manda que o jornalismo seja livre. Inclusive das pressões políticas para manipular listas que depois possam ser questionadas e serem acusados de parcialidade. A pluralidade era o caminho a ser seguido. Não adianta defender aquilo que é indefensável. Mas uma coisa é certa, esta guerra é de idéias e ganhará quem melhor souber colocar as suas e de forma competente. Além de ser divertida. A frase que sintetiza isto foi dita por Ricardo Noblat quando citou o nome do ministro e se referiu a ele como; “Gilmar Dantas”. Vá entender a fixação dele por esse trocadilho. Você pode até me perguntar de que lado eu estou e eu lhe digo sem medo de errar, não concordo como o que a Tv Cultura fez nos dois programas. Tenho dito e escrito.

Um comentário:

Christian disse...

Dimas,

Nao sei se a TV cultura saiu tao chamuscada ou foi o lado derrotado dessa guerra. Tenho certeza que com a polemica causada pelas bancadas a TV Cultura teve altos indices de audiencia nos dois programas. Agora com certeza os resultados seriam melhores se a escolha dos jornalistas fosse mais pluralizada.
Quanto a guerra dos blogs em si, a falta de elegancia de alguns, ao melhor, quase todos os blogueiros/jornalistas e o que incomoda mais. Nao sei se isto uma caracteristica pessoal ou se voce concorda que a nivel de credibilidade dos textos caem com o aumento da agressividade das palavras.