VIDA DURA ESSA (Do Livro: QUANDO O AMOR INCOMODA)

Ela não me entende e não vou perder meus dias tentando convencê-la de que não sou um cara que vive andando atrás de outra.

– Eu disse outra? Melhor outras!

Já tinham decorrido 15 dias que nós tivemos a ultima briga por causa de ciúmes dela. Revoltei-me naquele momento e entrei em greve. Acho até que foi ela quem começou. Peguei meu lençol e desci as escadas, fui me acomodar no meu velho e amigo sofá. Ali eu e ele nos tornamos inseparáveis naqueles dias. Sua cor amarela ouro, seu encosto de braço, cada lugar daquele amigão de todas as horas eu já conhecia. Sabia onde podia ou não ringir sua madeira.

Mas depois de tantos dias sem ter contato com minha esposa eu já estava subindo pelas paredes, agredindo o vento literalmente. Ela lá no seu canto impassível, irredutível na sua decisão de castigar seu homem. Passava por mim e o máximo que conseguia dela era um “oi”. Durante este longo período, por varias vezes tentei me chegar a ela, mas fui repelido. Se existe uma coisa que elas sabem fazer é nos maltratar. A primeira coisa que fazem é abstinência sexual. Nós pobres mortais ávidos para dar amor a nossas companheiras sofremos com isto.

Mas como todo ser humano eu que não sou a fina flor da fidelidade encontrei uma garota que a muito já vinha de olho. Juntando a fome com a vontade de comer parti para o ataque feito Denner à época em que jogava no Vasco da Gama. Aquela menina linda e maravilhosa tinha só dezenove aninhos. O que eu poderia querer mais em uma hora dessas de desespero? Convidei-a para sair e qual não foi a minha surpresa a danada aceitou. Combinamos que no dia seguinte, isto era uma terça-feira, nos encontraríamos às 18h em frente ao Bar Visual que fica no centro da cidade.

Na tarde daquele dia eu já estava nervoso e ansioso por tirar aquele peso da consciência. Já não agüentava tantos dias parados sem fazer exercício na horizontal. Encontrei dois velhos amigos de infância, da época da Praça Libanesa, um deles ao saber o que eu estava passando me receitou algo que ele me garantiu que era infalível e eu, com medo de na hora do crime não conseguir ficar de pé, aceitei a solução. Imagine eu com meus quarenta anos de muita luta está agora frente a frente com aquela morena bela de cabelos longos e ondulados, cheirando como uma flor. Nada poderia dar errado naquele momento.

Fui até a farmácia e como quem não queria nada e meio envergonhado com a situação esperei que as duas pessoas que estavam sendo atendidas saíssem.

- Boa tarde?

Perguntei eu sem jeito!

- Boa!

Respondeu o atendente sem levantar a cabeça. Ele estava colocando o dinheiro na maquina registradora.

- Amigo...

Tentei mostrar intimidade para que a situação fosse menos humilhante naquele momento.

- Pois não. O que o senhor deseja mesmo?

Estava dada a oportunidade para que eu pudesse fazer a pergunta.

- O senhor tem...

Minha voz engasgou naquela hora. Porque eu teria que passar por isto nesta fase da idade?

- Pois não. Qual o remédio que o senhor deseja mesmo?

Lá estava ele me torturando novamente com aquela pergunta.

Com a cara de quem estava olhando para as prateleiras da farmácia. Parecia mais um farmacêutico naquela hora. Uma cena desconfortante para mim.

- Acho que não tem o que eu quero!

Ao pronunciar estas palavras fui me retirando e quando já ia chegando a porta de saída ouvi outra pergunta.

- Senhor nós não temos o Viagra, mas temos o Pramil e o seu efeito é mais forte que o outro.
Pronto lá estava eu com as pernas bambas de vergonha.

- Não se preocupe é comum as pessoas virem aqui e não saberem como pedir este tipo de medicamento. O que estou lhe mostrando tem o efeito duas vezes superior ao da marca mais famosa.

- Verdade?

Lá estava eu com minha cara lisa e com um sorriso no rosto.

- Então me dê dois desse ai, quero um pra mim e outro para minha esposa. Ela que quer testar, soube por uma amiga que os dois tomando a coisa melhoram.

Nunca entendi o porquê de eu ter mentido naquele momento. Saí direto para o carro, pois já eram 16h40minutos. Passei antes no caixa eletrônico para retirar uma grana para o pagamento do motel. Entrei em uma bodega que fica ao lado e pedi um pouco de água. Se um desses valera por dois do outro, dois desses equivalem a quatro. Tomei os dois. Ai foi o meu segundo erro do dia. O primeiro? Foi ter comprado esses miseráveis de comprimidos.

Já são 18h10minutos e nada dela aparecer. Deve ter se atrasado um pouco e a coisa ta começando a fazer efeito.

19h e nada daquela bela morena aparecer. O pior não peguei o número do celular dela para poder ligar caso houvesse um pequeno atraso.

Não consigo mais ficar parado! 21h32minutos e aquela miserável desapareceu e não me deu nenhuma satisfação do que tenha acontecido. Meu corpo está pegando fogo, minhas veias alteradas parece que vão explodir e meu corpo suando feito um condenado a morte. Estou lascado da vida. Sem falar que com a mulher já faz quinze dias e sem realizar meus desejos mais humanos, estou literalmente FUDIDO!

Já sem esperança nenhuma de que algo pudesse acontecer decidi ir embora, mas antes passei pelo centro da cidade na tentativa de que pudesse encontrar a sacana ou na pior das hipóteses outra que pudesse me aliviar desta situação filha da puta. Nada... Quanto mais eu pensava naquela situação mais minha moral ficava dura. O tempo passando e eu sem saber como resolver aquela situação em que eu me meti. Mas quem me mandou ouvir a opinião de outras pessoas. Com a situação já a beira da insustemtabilidade, aumentei a velocidade do corro em direção aminha casa. Fui entrando como um louco pela sala, Vazia? Não acredito no que está me acontecendo. Subi dois degraus da escada e parei. Se eu for lá a mulher não vai querer falar comigo. O banheiro foi à solução desta situação humilhante em que me meti. Agredi o azulejo de forma incontável. Quase ouvi uma voz dizendo “de novo não”. Ufa... Joguei água gelada no corpo para poder aliviar aquela dor descomunal. Acho que agora passa!

02h da manhã e eu me acordo com o moral alto e firme que nem um poste. A impaciência está tomando conta de mim. O jeito é apelar para a minha querida esposa. Dessa vez subi a escada que lava ao primeiro andar como se fosse um gato, não fiz barulho e correndo para o abraço de minha querida, amada, estimada... É sim, naquele momento eu não me lembrava mais das brigas que ocorreram antes e tinha a certeza de que se houve alguma ela estava certa. Cheguei de mansinho para não assustar a minha querida. Dei uns beijinhos no pescoço dela e vi que seu rosto sorriu. Fui deitando devagar ao seu lado e empurrando seu corpo com o meu. Foi beijo pra todo o lado, carinho demasiado e ela linda me recebeu como uma Vênus que surge das espumas do mar que jorra do meu amor.

- Já estava com saúdes de você querido!

Aquelas palavras eram como músicas em meus ouvidos e pode ter certeza não era pagode porque isto não é música é no Maximo um barulho ritmado.

Caí em um sono profundo e muito feliz por estar livre daquela tensão que estava me acompanhado.

O dia já estava clareando a janela quando novamente eu acordei de Pinto duro. Remédio miserável este que tomei e fui logo usar os dois que valem quatro e que me deixaram nesta situação da zorra. Não tem outro jeito, vou ter que partir novamente para a frente de batalha e conquistar meu espaço nesta luta.

Aquela coisa mais linda do mundo ao meu lado na cama e eu sofrendo.

- Querida!

Falei com carinho naquele momento.

- Querida!

Eu já estava quase implorando naquele momento.

- Meu bem!

Agora vai.

- Oi amor, fala...

Nem aqueles cabelos despenteados me assustaram naquele momento. Cheiro pra lá, beijo pra cá...

- O que danado ta acontecendo com tu homem? Abaixa o fogo...

Se ela soubesse da minha situação não falaria isto.

- Você ta virado. Voltou com tudo. Sossega um pouco e me deixa dormir...

Nada disso pensei eu que estava novamente ávido por amor e desejo feito animal atrás de sua parceira no sil.

- O que ta acontecendo com você, andou bebendo foi?

Será que ela percebeu algo?

- Não meu coração. É muita saudades que estava sentindo de você. Eu lá no sofá abandonado e te querendo...

Tinha que soltar essa porque senão o que iria explicar a ela? Que aquela outra me deixou, não. Literalmente!

Depois de um tempo de carinho, quero comunicar que ainda tive forças para ir à batalha e fui novamente um vencedor. Claro que, já exausto não tive muita força para continuar acordado.

Perdi à hora do trabalho. Acordei às 08h02minutos, assim marcava o relógio de parede. Como Eros o deus do amor e que sempre estava em busca da felicidade, lá estava eu. Uma mistura perfeita de Eros e Ares. O amor e a guerra existente dentro de mim para fazer cessar aquela pulsação incontrolável em meu corpo. Quando levantei da cama, estava molhado de suor novamente e feito um soldado dando continência. Naquele momento percebi que não poderia novamente buscar conforto nos braços de quem me ama. Filho da puta de amigo, sacana de vendedor. Porque eu fui entrar na conversa deles.

Banheiro... Banheiro... Banheiro

Eu tenho que me aliviar né?

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